Ricardo Oliveira[1]
Para que possamos
estabelecer uma compreensão mais elucidativa do fenômeno e da complexidade da
relação ESTADO e religião, torna-se necessário esclarecer que, não só através
de leis torna-se possível uma separação entre ambos, pois que no que concerne a
atribuição do ESTADO, o principio da impessoalidade na teoria deveria prevalecer
posto que o mesmo é regido por leis, mais as mesmas são feitas por homens e um
fator preponderante a aplicação das mesmas e que, deve-se levar em consideração
são as subjetividades de cada sujeito que as elabora e a aplicam. Desta forma, a relação entre religião
e ESTADO, o segundo deverá necessariamente ser hierarquicamente superior ao
primeiro, pois que a representatividade do mesmo deverá atender as demandas
sociais de maneira global, sem discriminação.
Dito
isto, é valido ainda destacar que as práticas religiosas em nosso território,
quando desembarcaram por aqui em nossa terra
brasilis, pressupunham não somente uma supremacia clerical, mas, sobretudo étnica,
relembrando a Revolta dos Malês por exemplo, o que de alguma forma ou em certa
medida, soterraram ou colocaram em
condições subalternas os demais credos, mesmo com o sincretismo e sectarismos
velados nos dias atuais.
Sobre
a contemporaneidade no que diz respeito ao fenômeno religioso, podemos ainda
refletir sobre um posicionamento um tanto quanto contraditório no campo
filosófico de pensamento que tem sido demonstrado cotidianamente por nós reles
mortais quando atribuímos a certos fenômenos naturais a intervenção de deuses
ou divindades para justificarmos nossas falhas ou virtudes, ora, o empirismo e
a cosmogonia são barreiras superadas faz algum tempo, vivemos na era da
racionalidade, então porque ainda nos dias atuais sustentamos essas praticas?
Este parece ser o nó górdio da questão o ser
humano é o ser mais complexo que existe. Podemos compreender a sequencia de
Fibonacci e a matemática, mas esta ciência aplica-se a quase tudo na natureza,
menos ao ser humano.
Desta forma relacionando a Fé e o
fenômeno religioso(cosmogonia) e razão (cosmologia) representada aqui pelo papel
do ESTADO respondendo a pergunta sugerida, é possível que retornemos ao Estado
monárquico sim, pois que o homem ainda não reconhece em sua plenitude seu
estado de natureza, com profundidade e, como diria Aristóteles: A essência do
ser é a mudança... Complementando: ainda que esta seja uma incógnita.
[1]Graduado em Ciências Sociais/Faculdade de Filosofia de Campo Grande e Pós Graduado em Diversidade Étnica e Educação Superior/UFRRJ.